Durante
o período da Ditadura Militar, muitos cidadãos e trabalhadores
tomaram uma atitude para acabar com o regime autoritário. Muito se
ouve falar sobre a resistência armada dos chamados “guerrilheiros”,
mas o que poucos conhecem é a resistência democrática ou pacífica.
Esse tipo de oposição se mostra muito importante pois permite a
participação de pessoas que gostariam de se manifestar de uma forma
não violenta e agressiva. Se por um lado a resistência armada
entrava em confronto direto com o governo, a resistência pacífica e
democrática mostrava a insatisfação das pessoas.
Foi
o modo que a população achou de tentar acabar com a então atual
situação do país. Entre eles podemos citar jornalistas, partidos e
operários que sem pegar em armas procuraram melhorar o governo.
A
OAB, por exemplo, teve um importante papel na resistência
democrática, já que denunciava e julgava casos de tortura no país.
Durante este período, em que a violência transformou os direitos
humanos em uma realidade distante e a garantia aos direitos civis e
políticos foram administrados de maneira a sufocar qualquer
posicionamento contrário à força dominante, foi da advocacia
brasileira que se ouviu algumas das vozes de maior resistência à
intolerância e ao autoritarismo. Foi Raymundo Faoro, então
presidente nacional da OAB, quem transformou a entidade em um "foco
de resistência pacífica" ao regime, denunciando casos de
tortura e pedindo a retomada do Estado democrático.
Além
dos grandes órgãos políticos, os jornalistas também fizeram sua
parte em quesito a divulgação de violação dos direitos humanos,
torturas e o autoritarismo no governo brasileiro. Muitas foram as
conseqüências desses atos, como podemos citar o jornalista Carlos
Lacerda, que por fazer fortes criticas e denuncias do governo acabou
sendo seqüestrado, torturado e morto pelos militares. O também
jornalista Vladimir Herzog tornou-se ele mesmo uma prova da tortura
quando, após sua morte, houve a divulgação de uma foto que
supostamente demonstraria seu suícidio por enforcamento – porém,
a foto o mostrava com os joelhos encostados no chão, o que mostrava
que a teoria do suícidio tinha sido uma mentira por parte dos
militares.
Há
quem diga que a população em si não fez muito sobre isso, mas
podemos citar a participação dos operários depois de 1968, quando
houve as greves no ABC paulista. Esses operários e trabalhadores de
empresas reivindicavam maiores salários e também o fim do regime
autoritário, influenciados na época pelos movimentos estudantis.
Mais tarde, em 1978, uma manifestação que contou com mais de 3000
metalúrgicos reivindicou também maiores salários. Casos como esses
mostram a população gradativamente percebendo as terríveis
condições do país, e começando a se mobilizar por seus direitos.
Vários
partidos opositores ao governo militar também tiveram parte na
resistência democrática. O PCB (Partido Comunista Brasileiro) foi
um dos que se manteve desde o inicio contra o governo, e embora
algumas partes do partido tenham se dissociado para formar grupos de
guerrilha, tentou se manter até o fim como pacífico.
Heloisa Camargo e Giuliana Ronchetti
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