“Cadeira
do Dragão, Pau-de-arara, Choques elétricos, Espancamentos, Cama cirúrgica,
Afogamentos, Soro da Verdade, Geladeira, Arrastamento pela viatura,
Coroa-de-cristo, Estupros, Humilhações, Abusos sexuais...”. Esses são exemplos
das torturas feitas a todos aqueles que eram considerados subversivos pelos
militares, mas não representam nada, com relação ao sofrimento ao qual os que
pensavam diferente foram submetidos.
Durante
o regime militar, foram utilizadas algumas técnicas de controle social, sendo a
tortura, uma delas, instalando-se no Brasil desde o primeiro dia que foi dado o
golpe, em 1 de abril de 1964.
Através
da censura e da propaganda manipulada, os militares controlavam grande parte da
população, alienando-os, porém, ainda existiam grupos opositores, que não se
deixavam gerenciar por essas formas de dominação social. Instaurando o medo, os
militares mantinham parte dos opositores, calados.
Mesmo
assim, ocorreram manifestações, protestos e lutas em prol de uma liberdade que
muitos, durante o regime, não se lembravam, ou nem conheciam. Quanto mais tempo
durava o regime, mais pessoas faziam oposição às barbaridades por ele
cometidas.
Estudantes,
padres, intelectuais e vários setores da sociedade passaram a contestar os
militares, e a resposta era a intensificação da tortura, consequentemente, a
sofisticação dos métodos ocasionava aumento no número de mortos.
Dentro
dos porões da DOI-CODI foram feitas verdadeiras atrocidades contra pessoas, em
sua maioria, culpadas por brigarem pelo direito de pensar e de ser o que se é, além
de indivíduos culpados apenas por estarem no lugar errado, na hora errada,
entre esses, muitos nem sabiam o que era comunismo, principal acusação contra
os subversivos.
Nestas
salas, muitas mulheres foram submetidas à impotência de ver seus filhos,
entrando naquele ambiente imundo, sem entender porque suas mães encontravam-se
nuas, extremamente machucadas, completamente aterrorizadas, e não poder fazer
nada para evitar aquela visão.
Homens
e mulheres foram forçados a ver seus companheiros sendo molestados por diversos
torturadores, sem poder impedir.
Pais
que não tinha a certeza do estado de seus filhos, nem se os encontrariam
novamente foram obrigados a ouvir histórias de como os militares arrancariam a
vida de suas crianças caso não colaborassem fornecendo informações úteis.
Grávidas
foram obrigadas a dar seus bebês à parentes, sem ao menos segurar a criança, ou
acabaram sofrendo aborto espontâneo devido a truculência dos torturadores.
Muitas
vezes, as improbidades só terminavam com a morte do torturado, porém a angústia
de familiares e amigos, dificilmente cessava, já que estes não detinham nenhuma
informação sobre o estado ou localização de seus entes, nem antes ou depois da
morte.
O
militares preocupavam-se não apenas em desenvolver métodos sofisticados de
tortura, mas em desenvolver a propaganda do “culpado”, sendo cada torturado seu
próprio culpado.
O
temível comunista que ameaçava a família, os bons costumes, a segurança
nacional, e acima de tudo, a “Ordem”, assim, criava-se um preconceito contra os
opositores, tornando-os merecedores de todos os suplícios que lhe eram impostos
em uma sala de tortura.
Já
os recrutados para exercer a tortura recebiam favorecimentos dos seus
superiores, gratificações e reconhecimento de heróis, pois ajudavam a livrar o
país da ameaça comunista.
Para
resolver o problema dos mortos, médicos legistas passaram a fornecer laudos
falsos, que escondiam as marcas da tortura, justificando a morte da vítima como
sendo de causas naturais. Muitos dos mortos pela repressão tinham no laudo
médico o suicídio como a causa mais comum, vários foram os “suicidas” da
ditadura.
Meninas
e meninos, senhores e senhoras, dentro da DOI-CODI não havia separação de
gênero, idade ou religião, não havia privilégio, não havia nada, todos os
“presos políticos” eram terroristas, e deveriam ser eliminados em nome da
“Ordem e do Progresso”.
Demorou
21 anos para que a Ditadura militar brasileira acabasse, e junto com ela todas
as atrocidades que ocorreram, mas ainda hoje, 50 anos depois do termino do regime,
as marcas permanecem em todos os brasileiros, direta ou indiretamente. Mas
sempre há a esperança de um futuro onde todos os lutadores recebam a justiça
pela qual tanto lutaram.
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