A tortura era utilizada,
para conseguir confissões das pessoas envolvidas na militância contra o governo
militar. No início do regime, os militares realizaram uma operação para
verificar os suspeitos que estivessem ligados ao antigo governo ou a algum tipo
de subversão. Foram tantas pessoas presas, que os presídios que existiam não
foram suficientes. Com o AI-5, os jornais passaram a ser mais censurados e com a falta de
divulgação da violência, os fatos de tortura tornaram-se cotidianos. Em
1969, a tortura teve seu período mais difícil no país. As guerrilhas estavam com grande atuação e ocorriam muitos assaltos a banco
e, com isso, a repressão se tornou mais forte. Nessa época, foram criados
processos para esconder as atitudes dos militares. As mais diversas formas de
tortura eram praticadas e isso provocou uma onda de suicídios. Os métodos de
tortura eram tão violentos e marcantes, que os preso não desejavam mais viver.
O suicídio também foi utilizado pelos militares para
justificar mortes de prisioneiros nos quartéis e presídios. Contando com
a "assessoria técnica" de militares americanos que ensinavam a
torturar, grupos policiais e militares começavam a agredir no momento da
prisão, invadindo casas ou locais de trabalho. A coisa piorava nas delegacias
de polícia e em quartéis, onde muitas vezes havia salas de interrogatório
revestidas com material isolante para evitar que os gritos dos presos fossem
ouvidos. "Os relatos indicam que os suplícios eram duradouros.
Prolongavam-se por horas, eram praticados por diversas pessoas e se repetiam
por dias", afirma a juíza Kenarik Boujikain Felippe, da Associação Juízes
para a Democracia, em São Paulo.
Na fase mais violenta da ditadura
militar brasileira, quando não mais restavam técnicas de tortura para arrancar
delações de suas vítimas, os torturadores recorriam a um último expediente:
usar os filhos dos presos políticos, fossem eles crianças ou mesmo bebês, na
última tentativa para obter informações. Ou então, torturava-se em família:
pais, mães, filhos, irmãos sofrendo juntos os horrores do cárcere.
Presa aos 26
anos no DOI-Codi (centro de repressão do Exército) de São Paulo, Maria Amélia
Teles relembra o dia em que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra pegou nas
mãos de seus dois filhos --Edson Teles, à época com 5 anos, e Janaina, com 4--
e os levou até a sala onde ela estava sendo torturada, nua, suja de sangue,
vômito e urina, na cadeira do dragão. Na mesma sala estava o marido e pai das
crianças, César Teles, recém-saído do estado de coma decorrente de torturas no
pau-de-arara.
"Minha
filha perguntava: 'mãe, por que você ficou azul e o pai verde?' Meu marido
entrou em estado de coma e quando saiu estava esverdeado. E eu estava toda
roxa, cheia de hematomas e ela viu aquela cor roxa como azul. Meu filho até
hoje lembra do momento em que eu falava 'Edson' e ele olhava para mim e não
sabia que eu era a mãe dele. Estava desfigurada", recorda Amelinha, como é
conhecida.
Entre os
diversos métodos de tortura, os mais comuns eram : A Cadeira do Dragão
(uma cadeira eletrizada e revestida de zinco que possuía eletricidade. Os
presos eram obrigados a sentar nela nus, e quando a eletricidade era ligada,
eles levavam choques por todo o corpo. Em alguns casos, eles tinham sua cabeça
enfiada em um balde de metal e também levavam choques.) , O Pau-de-Arara
(Esse tipo de tortura já havia sido usada durante a escravidão. Nela, o preso
era amarrado e pendurado em uma barra de ferro, que ficava entre os punhos e os
joelhos. Nessa posição, eles ficavam nus e levavam choques, queimaduras e socos.), os Espancamentos (eram
utilizados em conjunto com outros tipos de tortura. Um tipo comum, utilizado
naquela época, era o chamado 'telefone', quando o preso recebia tapas nos dois
ouvidos ao mesmo tempo. Isso era tão forte que poderia romper os tímpanos, causar
labirintite e provocar a surdez.), os Afogamentos (Os torturadores obrigavam os presos a beber água por meio de uma
mangueira introduzida em sua boca; porém, o nariz era tampado. Também colocavam
os presos em tonéis ou tambores de água e seguravam sua cabeça até o ponto em
que eles se afogassem.) e outros.
Apesar disso, nenhum torturador foi punido, pois o
Congresso Nacional aprovou, em 1979, a Lei da Anistia. Com ela, as pessoas
envolvidas em crimes políticos seriam perdoadas pela justiça, inclusive os
torturadores.
Bibliografia:
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-foram-as-torturas-utilizadas-na-epoca-da-ditadura-militar-no-brasil
http://governo-militar.info/mos/view/Torturas_no_Regime_Militar/
http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2014/03/31/como-a-ditadura-sequestrou-criancas-e-torturou-familias-inteiras-para-obter-delacoes.htm
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