A censura esteve presente no Brasil desde sempre, sendo ela cultural ou
política, mas houve uma variação dos aspectos de acordo com os tempos, desde a
colonização até hoje. O período mais criticado em relação à censura hoje é a
ditadura, possivelmente porque além de recente é marcado pelo governo militar
negativamente frisado em nossa história.
Mas sem dúvida não se sabe muito sobre essa fase, certo? Pois o governo
encobriu a maioria das informações públicas sobre o que seria o
"permitido" no cinema, teatro, jornal e até músicas. Para explanar a
compreensão de tal tema, vamos lhe mostrar opiniões de uma ex-censora da área
teatral e também dados escondidos pelos militares mostrados pela mesma.
Comecemos com a compreensão da censura na ditadura.
O que era a censura das áreas, e porque acontecia?
Censura não é simplesmente o ato de vetar algo, tornar inacessível,
negando as opiniões. A censura é vista do ponto político como proteção, não do
governo, mas do povo, impedir que o povo seja "poluído" pelas ideias
passadas pelos jornais, músicas, filmes e peças de teatro.
Como a censura acontecia?
A censura acontecia de maneira moderada em relação a simplicidade, os
censores eram instruídos e estudavam os artigos e leis dos atos institucionais
para fazer um julgamento justo, antes do ensaio geral que seria a apresentação
da peça, filme ou música reservada aos censores, era preciso mostrar uma
apresentação prévia do script, para dar a entender sobre o que a apresentação
se tratava e para os censores fazerem ajustes nas falas que não estavam de
acordo com as normas da censoria. Após o ensaio geral os censores dão a
aprovação ou o veto para a exibição.
Quais eram as classificações da censoria?
A censoria era dividia em três partes: Teatro & Cinema, Televisão e
Publicações públicas periódicas.
Teatro & Cinema era classificado em: A, B, C, D ou E, para idade
sendo A livre e E proibido para menor de 18 anos.
Televisão também de A a E, mas ao invés de classificação etária,
funcionava por horários permitidos para exibição, sendo A livre, B para depois
das 20 horas, C para depois das 21, e com aumento graduado de 2 em 2 horas até
E.
Publicações públicas periódicas eram mais complicadas, com classificação
de C (14 anos), D (16 anos) e E (18 anos), as classificadas em E, iriam para
uma central da censoria onde os superintendentes fariam as análises para com o
Artigo 2º da Disposição Preliminar, que convém de:
" Parágrafo único - Uma das faces do invólucro, deve conter:
1 - o logotipo da publicação e o número exemplar
2 - o número do registro do título da publicação na Censura Federal
3 - o país de origem e o nome da editora, com o respectivo enderêço, se
fôr o caso, também o nome do enderêço da firma importadora"
De acordo com o Artigo 4º das disposições preliminares do censor do
livro Censura Federal de 1971
- "As comunicações de interação social devem ser analisadas no seu
todo, considerando-se:
I - o tema e o seu desenvolvimento
II - a mensagem principal
III - as linguagens visual e auditiva, utilizadas na sua produção e
realização
IV - Valor educativo: se moral, artístico, histórico, cultural, etc...
V - o poder de comunicabilidade com a audiência, em função da capacidade
de compreensão da faixa etária com que se pretende comunicar".
E de acordo com o Artigo 5º, os planos seguidos seriam:
Mensagem principal e complementar
- Para principal: Persuasiva ou de Entretenimento
- Para complementar: de Imagem ou Auditiva
A censura teve grande impacto negativo na população por causa das peças
de teatro, filmes, músicas vetadas sem necessariedade, das publicações de
jornais que sem liberdade tentavam mostrar quais eram as barbaridades cometidas
pelo governo com medo de revoltas, e os atos terroristas de estado
"caçando" os "opostos". Mas a culpa não está nos censores,
e vou mostrar por que.
- Todas as informações a seguir foram fornecidas por uma ex-censora-
Não era por completo a censoria que vetava as exibições, o governo fazia
grande pressão nos censores para que nada errado passasse. Muitas vezes
exibições de teatro e música eram vetadas, mas os principais motivos eram
linguagem agressiva excessiva, anti-patriotismo, julgamento negativo do militar
e agressão psicológica a algum cidadão.
“O caso da peça Tupac Amaru de 1977 não foi culpa da censoria. Como de
costume foi recebido o script e foram feitas as alterações necessárias, após a
apresentação geral a peça foi aprovada, mas após a primeira apresentação ao
público, o superintendente obrigou o veto da peça por conteúdo inadequado. Tal
conteúdo não estaria em nossa instrução, pois se tratava da ideia da liberdade,
como a peça simbolizava uma luta pela liberdade, a peça teve que ser
vetada."
Muitas peças e músicas que simbolizavam a imagem da liberdade, ou uma
luta, eram vetadas, pois o estado temia que a população se inspirasse com uma
ideia de "revolução".
Fonte:
Livro - censura & liberdade de expressão. Coriolano de Loyola Cabral Fagundes
Livro - CENSURA FEDERAL. Carlos Rodrigues, Vicente Alencar Monteiro e Wilson de Queiróz Garcia
Ex-Censora - não concordou em publicar o nome.
2 comentários:
adorei o texto, queria compartilhar no face, mas não consegui. Parabéns aos escritores. Quem foi? beijos, ale
Eu escrevi ale (Thiago C) bjs
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