quarta-feira, 7 de maio de 2014

A Manipulação Midialística Durante a Ditadura (PARTE I)


O período de 1964 a 1985 foram os anos de chumbo do Brasil, 21 anos de ditadura militar em que a democracia foi interrompida no país. Porém, o golpe não foi orquestrado apenas pelos militares, em um contexto de guerra-fria, os Estados Unidos, os empresários e a mídia Brasileira tiveram papéis essenciais nesta história, tendo a manipulação como maior ferramenta para atingirem seus objetivos, e colaborar com as torturas, violências e crimes cometidos contra a democracia.
Pode-se dizer, então, que o ano de 1964 foi o ano da imprensa colaboracionista, já que as grandes mídias jornalísticas do país, juntamente com os militares, derrubaram Jango (João Goulart). O presidente sofreu na mão de jornais como O Globo, O estado de S. Paulo, Correio da manhã, Tribuna da Imprensa, Jornal do Brasil e etc. para que renunciasse à presidência, e entregasse o poder aos militares. Os jornalões conseguiram transformar 65% das intenções de voto para as eleições de 1965, e 70% de apoio popular às reformas de bases (dados do ibope que só foram revelados recentemente) em golpe militar através da manipulação.
“O Brasil já sofreu demasiado com o governo atual. Agora, basta!" Correio da Manhã, 31 de março de 1964
"Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!" Correio da Manhã, 1 de abril de 1964
“Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada... atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso... As forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a nação na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.” O globo, 2 de Abril de 1964
“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada” Jornal do Brasil, 1 de abril de 1964 




À medida que os anos passaram, a mídia sofreu dois tipos de censura: a censura prévia, considerada a mais dura, em que todo o material era passado em revista antes da impressão, e, de acordo com a historiadora Annie Marie Smith, sete veículos sofreram esse tipo de controle, entre eles são destaque o alternativo Pasquim, o católico O São Paulo, a Tribuna da Imprensa e O estado de S. Paulo- este último tomando do próprio veneno, pois foi um grande aliado em 1964. E a segunda censura chamada de autocensura, que consistia nas proibições enviadas pelo regime por telefone, esta atingiu todos os veículos. Sendo assim, os destaques da mídia eram direcionados a assuntos como esporte, usando-os como propaganda para o governo, mostrando tempos de ordem e progresso, enquanto que, ao mesmo tempo, os militares se concentravam, cada vez mais, em torturar e assassinar pessoas, e controlar e censurar a manifestação pública contra o regime.
Éder Jofre dá a luva da mão direita ao presidente Emílio Garrastazu Médici após título mundial (foto: Gazeta Press)





Para poder entender melhor como funcionava a mídia nesta época, basta olhar quais são os jornais que atualmente monopolizam o setor de telecomunicações e que sobreviveram bem ao período e à redemocratização, reforçando, portanto, a tese de que havia parceria e trocas de interesses comuns entre os militares e os jornais conservadores.

“Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada” Editorial de Roberto Marinho, O Globo, 7 de outubro de 1984

OBS: A ser continuado...

Referências bibliográficas
Acessado em 3 de Abril de 2014, às 20:40 site rodrigoviana   http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/a-midia-e-o-golpe-militar-de-1964.html
Acessado em 26 de abril de 2014, às 21:30 site Carta Maior http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/As-manchetes-do-golpe-militar-de-1964/4/15195 
Acessado em 26 de Abril de 2014, às 21:00 site Carta Maior http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/As-manchetes-do-golpe-militar-de-1964/4/15195 
Acessado em 3 de Abril de 2014 às 21:00 site Carta Capital http://www.cartacapital.com.br/politica/o-golpe-de-empresarios-e-militares-452.html 
Acessado em 3 de Abril de 2014 às 21:30 site Carta Capital http://www.cartacapital.com.br/revista/793/jornalismo-golpista-1057.html 

Acessado em 27 de Abril de 2014 às 18:00 site O Globo- Memória http://memoria.oglobo.globo.com/erros-e-acusacoes-falsas/apoio-ao-golpe-de-64-foi-um-erro-9328244 

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