quinta-feira, 8 de maio de 2014

Verdade 12.528

Por Marco Lopes


Verdade 12.528 não é apenas um simples documentário: é uma sessão sobre impunidade. Impunidade contra tipos de crimes mais perversos e graves. Crimes hediondos. O documentário dirigido por Paula Sacchetta é prova clara e concisa que o Terrorismo de Estado ocorrido durante a Ditadura Militar Brasileira não é página virada, longe disso.

De modo forte, mas preciso e realista, Verdade 12.528 nos leva ao Brasil das décadas de 1960, 1970 e 1980. É forte, pois não nos poupa de emoção e choque ao demonstrar depoimentos e provas envolvendo torturas, desaparecimentos e mortes de inocentes realizadas pelos militares, nos prendendo ao passado e vendo que para construirmos nosso futuro, precisamos entender e questionar nosso tão violento passado.


Retratando o trabalho da Comissão da Verdade que tem como objetivo investigar e esclarecer crimes contra os direitos humanos no regime militar, o documentário mostra a vacilante tentativa do Brasil de se responsabilizar pelo próprio passado. Vacilante, porém ainda assim, uma tentativa.


Do Araguaia ao Rio de Janeiro, O “Verdade” não deixa praticamente nada de fora: de forma histórica e sociológica, o filme nos demonstra a necessidade da reparação aos vitimados pelo governo ditatorial. Caso não haja tal reparação, a lacuna em branca que ficará na história, não só irá ferir os direitos de justiça desses vitimados, mas também irá ferir o direito de toda a sociedade brasileira de lutar por algo que acredita. Esconder esse passado é, portanto, antidemocrático. 


É necessário assistir Verdade 12.528. Numa parte da história que nos é jogada de forma tão rasa e muitas vezes incompleta e até mentirosa, o filme elucida diversos pontos que para a maioria são obscuros. Quem sabe, a Comissão da Verdade seja o processo político de elucidação desses pontos perdidos que nem mesmo o governo consegue localizar? De jeito, tímido, a Comissão pode ser o pequeno grande passo para algo melhor.

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